quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cego corta verdura? Cozinha?


Muitas pessoas já me fizeram perguntas do tipo: Sua mãe cozinha, e ela não tem medo de se queimar? E corta verdura?
Já! Ela já teve queimaduras, antes da perda da visão várias vezes e depois duas vezes. Até porque acidentes desse tipo são corriqueiros na vida de uma dona de casa, não é mesmo? E tem mais, ninguém corta tão fininho rodelas de tomate e cebola quanto ela.
Essa é a maior prova de como é distante o mundo da cegueira para quem não convive próximo a ele, ou até mesmo nele.
Mas eu também já fiz essa pergunta um dia, e de fato eu sei o quanto é assustador.
Ainda lembro quando seu professor de mobilidade, da Reabilitação da SAC, (na época) Prof. Marcelo passou uma tarefa de casa para minha mãe: CORTAR UM FRANGO.
Foi um alvoroço, lembro-me que fiquei com tanto medo dela se cortar, me escondi atrás da parede da cozinha sem querer encarar, ou acreditar que aquela cena iria acontecer. Minha mãe cega prestes a cortar um frango. Mas eu precisava acreditar que ela era capaz.
E ela foi capaz!
Assim, com esses desafios de voltar a cuidar do seu lar, dentro das suas possibilidades, ela retomou a vontade de viver, saindo do ócio que a perda da visão trouxe para sua vida.

Este é o desafio na vida de quatro jovens deficientes visuais, entre a idade de 16 a 24 anos. Elas iniciaram um curso sobre atividades domésticas, em especial, as tarefas na cozinha no Centro de Atendimento Clínico Educacional (Cace) no município de Horizonte - Ce.
Conforme reportagem no Jornal Diário do Nordeste (05/10), na primeira aula, as jovens conheceram os utensílios de cozinha e prepararam uma salada de frutas.
Dessa forma os centros de reabilitações às pessoas cegas trazem a tão sonhada autonomia e independência para suas vidas.
Por isso, é muito importante o trabalho dessas instituições, pois o maior intuito é fazer com que pessoas com necessidades especiais sintam-se úteis, válidas, eficientes e mostrar tanto para elas, quanto à sociedade que a perda de um membro, ou de um sentido, não é o fim da vida e sim um novo começo.

Foto: Diário do Nordeste


Fonte: Diário do Nordeste
Confira a reportagem completa no site:


Por Angélica Braga

Um comentário:

  1. Quer dizer que, além de uma excelente escritora é uma bela dona de casa hein???
    Com certeza o que consolida as grandes onquistas do ser humano é acreditar em si mesmo. Ninguém chega em algum lugar sem crer em si. E isso é o que você faz todos os dias, perceptível na sua alegria, nas suas conquistas e na mãe maravilhosa que você é.
    Sucessos!!!

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