sábado, 16 de outubro de 2010

A fúria da montanha

Há mais de um século o seio da terra era devastado, rasgado pela ambição do homem. É claro, que uma mina de onde são extraídas as riquezas que sustentam a economia do povo chileno, não é para ficar desativada. A economia, o desenvolvimento de um país não deve ser questionado. Porém as condições precárias que os mineiros chilenos trabalhavam, ou melhor, trabalham são altamente perigosas.
Então, como a voz humana não tinha mais eco nos ouvidos das autoridades, quem resolveu se pronunciar foi a montanha, a própria terra. Num grito de agonia desmoronou, desabou. Deixando 33 vidas enclausuradas dentro dela vivendo dias difíceis, dias de terror.
O homem mais uma vez derrubou as barreiras da resistência humana para sua sobrevivência. Um punhado de homens de faixas etárias diferentes, sendo o mais velho de 63 anos, se uniram e injetaram na mente forças e o ardente desejo de sair daquele buraco com vida.
A escuridão e o calor, junto com o pouco espaço para a locomoção fizeram com que esses homens mostrassem para o mundo inteiro o poder da fé, da esperança e o amor. Amor por suas próprias vidas e por suas esposas, filhos, mães, enfim por seus familiares. Sendo assim possível suportar o confinamento de 69 dias.
O mundo celebrou com festas, abraços, lágrimas de solidariedade, orações, sem contar com as especulações da mídia sobre a vida, a família de 33 mineiros que se tornaram heróis nacionais, ou até internacionais.
E a montanha?
Ela está lá no meio do deserto, impassível, poderosa.
O momento é de reflexão, é hora de revermos nossos valores morais, éticos, cívico, pois a Terra está agonizando.

* * * *

Fátima Silva
15.10.10

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