Sobre a Escritora


Fátima Silva já enfrentou diversos problemas, em se tratando, do assunto: VISÃO. Foi a primeira pessoa que recebeu transplante de córneas no Ceará, em 10/01/1973 aos 22 anos. 
Após os tranplantes e ter uma boa visão por mais de 30 anos, foi submetida há um Retransplante em 2004, não sendo mais possível recobrar a visão. 
Quando soube que havia perdido a visão, fez a seguinte pergunta para seu médico: 
- Doutor e agora como vou ler, se não vou mais voltar a enxergar?
Seu médico a encaminhou de imediato para  a Reabilitação da Sociedade de Assistência aos Cegos - SAC, em Fortaleza, onde ingressou no ano de 2006.
Nesta Instituição começou aprender a superar dia-a-dia o preconceito, as dificuldades e as barreiras trazidas pelo cegueira.
Contando historinhas para o neto Yuri dormir, e os dois juntos utilizando o Programa de Voz DOSVOX para escrevê-las, partiu a inspiração para escrever crônicas, poesias e histórias infantis.
Após tornar público o texto em homengem ao Dr. Valdo Pessoa (Ex-presidente da SAC, assassinado em 2006 durante um assalto) passou a ser conhecida no Instituto dos Cegos como Fátima Escritora.
No ano de 2008, foi empossada como Membro da Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos - ALASAC, cadeira nº 4, Patrono Dr. Waldo Pessoa.
Graças a Deus, a família e a Reabilitação no Instituto dos Cegos continuou encontrando forças para viver e ser feliz. 
Voando nas asas da imaginação, começou a escrever seus livros através do DOSVOX, assim já possui três livros prontos.. 
E lança em 2010 seu 1º livro As Aventuras Noturnas de Soneca e Bocejo pela Editora Premius.



DE OLHOS NA ESCURIDÃO

Um tiro.
Morre um cidadão.
Vítima da violência urbana, Dr. Valdo de Almeida é assassinado.
Um homem que abraçou um sonho, e fez dele realidade.
Hoje, faço parte desse sonho, um universo pouco conhecido e compreendido pela sociedade.
O Mundo da Cegueira.
Com mãos hábeis e firmes fez inúmeras cirurgias, aviou muitas receitas.
Mas soube conviver no limiar dos diagnósticos bons e maus.
Não era deus, mas foi um instrumento nas mãos de Deus.
Sentia com sensibilidade, a dor da cegueira.
Sabia como ninguém, mostrar  o mundo colorido, que existe dentro de nós: CEGOS.
Em algumas circunstâncias se fazia de cego,para enxergar através da escuridão de nossos olhos.
Acreditava em nossa capacidade, com sua visão perfeita.
Empunhava nossas bengalas brancas, para nos ajudar a vencer o preconceito.
Lutava lado a lado conosco, para mostrar que cegueira não é doença.
Ao recebermos um abraço, não iremos contaminar ninguém.
E ao estendermos nossas mãos, não são para mendigar.
E sim, para receber um afago.
Não precisamos de piedade, mas sim, de um gesto de carinho.
Sabia que precisamos, de Compreensão, de Oportunidades, de Credibilidade.
QUEREMOS, Respeito Social, Humano e Intelectual.
E mais ainda, INCLUSÃO!

Um tiro.
Morre um cidadão.
Um médico.
A Natureza humana volta ao pó.
O ciclo da vida continua.
Mas, e os Sonhos? E os Projetos?
Estes foram edificados sobre uma rocha, chamada Trabalho, Dedicação, Amor.
A chama que ardia dentro do seu peito, não se apagou, pois foi acesa nas asas da Esperança.
E as lágrimas que caíram de nossos olhos, regaram mais ainda este sonho.
E os frutos, são pessoas como eu e muitas outras, que continuam acreditando que de mãos dadas, derrubaremos as barreiras, do Preconceito, da Indiferença.
No universo da cegueira não há limites para a Coragem, a Determinação e o Amor.

Uma homenagem ao DR. FRANCISCO VALDO DE ALMEIDA
Médico Oftalmologista.

Maria Fátima da Silva
Aluna do INSTITUTO HÉLIO GÓES - Reabilitação
(SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS)
Em: 29/04/2008

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