sábado, 6 de dezembro de 2014

VOLUNTÁRIO, ALGUÉM QUE DESCOBRIU ESPAÇO NO TEMPO


   Observando os espaços vazios e o tempo ocioso e depois analisando as expressões: “Não tenho tempo”; “Não cabe mais nada”; Fiquei a pensar como os voluntários encontram maneiras para abrirem espaço e estenderem o tempo em suas agendas pessoais?
   Não havendo remuneração, não havendo tanto reconhecimento social das ações do voluntariado, pelo menos quando procuramos nas mídias por qual razão o voluntário é alguém que descobriu espaço no tempo? Seria um tolo? Seria um amoroso ser? Os tolos são enganados e os voluntários não se enganam, são eles que decidiram por suas próprias vontades, daí, concluímos que são realmente representantes do amor incondicional.
   Certamente que eu, sendo um escritor e aprendiz de filósofo, compreendo que nós seres humanos ainda estamos na caminhada evolutiva moral, portanto, não descarto a possibilidade  de existir um outro voluntário que escolheu  essa função humanitária, como pagamento de promessa ou lenitivo de culpa, mesmo assim, não deixa de ser diferenciado e alimentar-se  do amor solidário  que nos impele  para a luminosidade.
   Seja como for, quem colocou as mãos, a linguagem, a mente, o corpo, o Espírito, e o coração a serviço do voluntariado, compreendeu que não há espaço que não se preencha ou se esvazie, nem tempo que não sobre ou não se possa redimensionar e reorganizar. Tudo depende das porções de amor que são distribuídas incondicionalmente e sem preconceitos sociais, políticos ou religiosos.
   E o que dizer daqueles voluntários que resolveram ser os olhos dos que não enxergam? Esses comprovam que podemos confiar no escuro que são seres amorosos e que a Luz só clareia os caminhos por completo quando fechamos os olhos e nos enxergamos como candeias para os semelhantes.
   Agradecemos pelo trabalho de todos os voluntários que transitam pelos espaços da Sociedade de Assistência aos Cegos, encontrando aquele tempo produtivo, marcado pelo relógio da eternidade pacífica e feliz, que é a destinação final daqueles que justificaram suas existências como atividades fraternas  e desinteressadas materialmente, em prol dos que esperavam a manifestação da generosidade e o compartilhamento dos valores mais elevados da vida.
Paulo Roberto Cândido
Escritor, poeta, deficiente visual, membro da
da Academia de Letras Metropolitana de Fortaleza- AMLEF e presidente da Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos-ALASAC


   

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