Observando os
espaços vazios e o tempo ocioso e depois analisando as expressões: “Não tenho tempo”;
“Não cabe mais nada”; Fiquei a pensar como os voluntários encontram maneiras
para abrirem espaço e estenderem o tempo em suas agendas pessoais?
Não havendo
remuneração, não havendo tanto reconhecimento social das ações do voluntariado,
pelo menos quando procuramos nas mídias por qual razão o voluntário é alguém
que descobriu espaço no tempo? Seria um tolo? Seria um amoroso ser? Os tolos
são enganados e os voluntários não se enganam, são eles que decidiram por suas
próprias vontades, daí, concluímos que são realmente representantes do amor
incondicional.
Certamente que eu,
sendo um escritor e aprendiz de filósofo, compreendo que nós seres humanos ainda
estamos na caminhada evolutiva moral, portanto, não descarto a
possibilidade de existir um outro
voluntário que escolheu essa função
humanitária, como pagamento de promessa ou lenitivo de culpa, mesmo assim, não
deixa de ser diferenciado e alimentar-se
do amor solidário que nos
impele para a luminosidade.
Seja como for, quem
colocou as mãos, a linguagem, a mente, o corpo, o Espírito, e o coração a
serviço do voluntariado, compreendeu que não há espaço que não se preencha ou
se esvazie, nem tempo que não sobre ou não se possa redimensionar e reorganizar.
Tudo depende das porções de amor que são distribuídas incondicionalmente e sem
preconceitos sociais, políticos ou religiosos.
E o que dizer daqueles
voluntários que resolveram ser os olhos dos que não enxergam? Esses comprovam
que podemos confiar no escuro que são seres amorosos e que a Luz só clareia os
caminhos por completo quando fechamos os olhos e nos enxergamos como candeias
para os semelhantes.
Agradecemos pelo trabalho de todos os
voluntários que transitam pelos espaços da Sociedade de Assistência aos Cegos,
encontrando aquele tempo produtivo, marcado pelo relógio da eternidade pacífica
e feliz, que é a destinação final daqueles que justificaram suas existências
como atividades fraternas e
desinteressadas materialmente, em prol dos que esperavam a manifestação da
generosidade e o compartilhamento dos valores mais elevados da vida.
Paulo Roberto Cândido
Escritor, poeta, deficiente visual, membro da
da Academia de Letras Metropolitana
de Fortaleza- AMLEF e presidente da Academia de Letras e Artes da Sociedade de
Assistência aos Cegos-ALASAC
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