sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fátima Silva em entrevista à Rádio Dosvox

Hoje (29) no estúdio da Sociedade de Assistência aos Cegos a escritora Fátima Silva gravou entrevista para o programa Conversa Que Interessa da Rádio Dosvox que irá ao ar a partir da próxima semana.
Em um bate papo bem descontraído a escritora falou sobre a influência e o incentivo à leitura que seus pais deram a ela e aos irmãos. Abordou assuntos como os transplantes de córneas na qual foi submetida, as dificuldades após a perda da visão, assim como sua paixão pela leitura e escrita.
O entrevistador Paulo Roberto chamou para a conversa o inspirador da escritora: seu neto Yuri; e abriu espaço para sua filha Angélica Braga que falou a respeito da cegueira, superação e a nova rotina de vida de sua mãe.
Fátima deixou bem claro a importância do Sistema Dosvox em sua vida, pois através de um instrumento de tecnologia descobriu seu talento literário, fazendo com que a cegueira não se tornasse um fardo em sua vida.
Para ouvir a entrevista acesse aqui e clique no programa 271.

Conheça mais sobre o Dosvox e a Rádio Dosvox.

29 de outubro - Dia Nacional do Livro

Você sabe por que comemoramos
o dia Nacional do Livro
no dia 29 de outubro?


Porque foi nesse dia, em 1810, que a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil, quando então foi fundada a Biblioteca Nacional e esta data escolhida para o DIA NACIONAL DO LIVRO.
O Brasil passou a editar livros a partir de 1808 quando D. João VI fundou a Imprensa Régia e o primeiro livro editado foi "MARÍLIA DE DIRCEU", de Tomás Antônio Gonzaga.
Comemore também!
Comemore o dia do livro: lendo; presenteando com livro, ou, escrevendo uma frase.

Fonte: Blog da Sociedade de Assistência aos Cegos

"É ainda possível chorar sobre as páginas
de um livro, mas não se pode derramar
lágrimas sobre um disco rígido."
José Saramago


Escreva uma frase, abaixo, em comentários!


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Poluição Mental

Há quanto tempo você não escuta sua respiração ou os batimentos do seu coração? O ressonar de seu filho pequeno ou o miado do seu gato de estimação?
O seu cão vai ao seu encontro dando latidos de alegria ao vê-lo, abana a cauda lhe saudando dando as boas vindas expressando o quão contente está por você ter chegado em casa.
E a voz doce de sua esposa, aquela que você adorava ouví-la. Lembra que seu coração ficava aos pulos cogitando se era a sua namoradinha do momento? Hoje o toque do telefone já é motivo do mais exaustivo estresse.
Pare um minuto e escute os sons que o rodeiam. Respire fundo e sinta o silêncio. Sentirá uma paz invadindo o seu ser, será tão bom que esquecerá a agitação do horário rígido que a sociedade nos impõe.
A poluição sonora do trânsito, dos grandes centros comerciais, dos shopping's, torna os nossos nervos a flor da pele. No dia-a-dia enfrentamos filas de espera começando na padaria ao comprar o pão, depois no posto de gasolina; se andamos de ônibus além da espera temos que ficar horas em pé apertados numa "lata de sardinha". E o mais interessante: ouvindo o rádio do motorista tocando os mais variados tipos de música que vão do forró à música gospel, no volume máximo.
Existe um tabu que as pessoas cegas escutam mais que as outras sem deficiências. Nós apenas ativamos a audição para substituir a falta da visão, e nisso ganhamos muito, pois escutamos tudo que nos rodeia. A trilha sonora da novela das oito, a gargalhada de nosso vizinho quando bebe alguns drinques a mais. As pisadas em nossa calçada de alguém conhecido. Ouvimos e notamos que nosso filho, ao falar, está aborrecido ou, alegre somente pela entonação de sua voz, coisas que passam despercebidas nas pessoas que enxergam.
Adquira o hábito de falar baixo, e ao se irritar nunca deixe que o seu nervosismo tome conta do seu ser, respire fundo e conte até dez, diante de um grande problema sempre tenha em mente que para tudo há uma solução. Tenha consciência que o mundo não vai parar por causa do seu problema, pois o mundo não gira em torno de você.

Ao levantar da cama respire fundo, dê bom dia para as pessoas que lhe rodeiam, caso creia na existência de Deus, dê-Lhe um bom dia, pois Ele, certamente o ouvirá através da sua Onisciência, Onipotência e Onipresença. Ao ir para sua caminhada não leve MP4, escute seus passos, sua respiração, dê bom dia às pessoas que for encontrando pela fente.
Comece a trabalhar o seu humor e irá ver com outros olhos as situações diárias, dê um abraço naquela pessoa que sempre está ao seu lado resistindo ao seu mau humor, seu nervosismo, suas ansiedades.
Aprenda a pedir desculpas ao magoar por gestos ou, palavras. Escute com atenção o que o seu interlocutor fala, não deixe que a pressa o torne uma pessoa desagradável.
As donas-de-casa são massacradas pelas mesmices que os afazeres domésticos as levam. Faça da sua cozinha um ambiente alegre e limpo. De vez em quando vá a um bom restaurante ou compre uma quentinha na esquina, sentirá orgulho por cozinhar tão bem. Sente no sofá da sala e tire suas sandálias, verá como é gostoso sentir o piso de sua casa tão limpinho.
Não deixe que a poluição que assola as grandes cidades se aposse da sua vida e tire o melhor que temos: Amor pela nossa vida e dos que nos rodeiam. Quando alguém gritar um palavrão ao seu lado, ou tocar a buzina com insistência, sem falar nos carros de som com propagandas convidativas, não se aborreça, comece a escutar o som ritimado do seu coração, pois isto quer dizer que você está vivo!

* * * *

Fátima Silva
25.10.10

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Bengala Branca

Moro em frente a uma pracinha de um bairro da periferia. A praça poderia ser até muito bonita, mas devido o descaso das autoridades é mal cuidada; visitada a noite por vândalaos, marginais, pois estes tem a proteção das frondosas árvores que arborizam o local.
Certa manhã ouvi o tilintar de enxadas e vozes masculinas, eram homens capinando e varrendo em frente a minha casa. Faziam parte da limpeza urbana da Prefeitura.
Continuei com meus afazeres domésticos, pois tinha que logo mais sair, para mais um dia no Instituto Hélio Góes - SAC.
Envergando meu fardamento escolar abri o portão e o barulho fez com que os homens parassem e se calassem. Ao sair coloquei o cadeado no trinco do portão, empunhei minha bengala branca e fui saindo devagar.
Só se ouvia o vento misturado ao forte cheiro de cigarro no ar.
Andei em direção ao ponto do ônibus e senti naquele silêncio das enxadas e das conversas dos trabalhadores, o respeito, a indagação que uma bengala branca exerce sobre as pessoas.
Nas minhas idas e vindas para a Escola já ouvi alguém perguntar no terminal de ônibus:
- Quer ajuda? Anda sozinha por que não tem parentes?
Ao descer do ônibus dizem:
- Deus te acompanhe! Deus te guie!
Também já ouvi:
- Coitada! Anda sozinha, mas no dia de receber a aposentadoria os filhos e parentes brigam pra ir com ela.
Não ouviria esses comentários se não empunhasse a minha inseparável amiga: BENGALA BRANCA.

* * * *

Fátima Silva
21.10.10

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Analfabetismo cultural e eleitoral

Vivemos um momento de efervescência politíca. O tão famigerado horário politíco nos apresenta um homem e uma mulher com sede de poder, invadindo os lares brasileiros com o objetivo de alçancar eleitores indecisos e de boa fé. Não têm o pudor de lavar suas roupas sujas, bater boca, difamar, lançar insultos em rosto, muito menos respeitam se muitas vezes estamos almoçando ou jantando.
E as propostas?
Qual o significado de Politíca, para nós, brasileiros? Fraude, desvios de verba, propinas, mercado de influências...
O ex-presidente Fernando Henrique era um homem culto, sem falar que sua falecida esposa D. Rute Cardoso era antropóloga. A carga mais pesada em sua mudança, ao deixar o Palácio do Planalto, eram os livros. Naquele momento em que saía de cena do Governo, deixava também pessoas insatisfeitas com o seu mandato, mas levava consigo algo que não se tira de homem nenhum: seus conhecimentos, seu aprendizado intelectual.
O povo nada disso se apercebia, pois tinha acabado de eleger um ex-metalúrgico, sindicalista e acima de tudo um nordestino que deixara de estudar para sobreviver através do trabalho. Lula, está há oito anos a frente do Governo Federal, ainda assim, não se interessou em concluir seus estudos, nem tampouco aprender uma língua estrangeira, precisando sempre levar ao seu lado um intérprete. Viajou pelo mundo inteiro foi recebido por estadistas de vários países, fez calorosos discursos, falou muito em melhorar a Educação em nosso país, porém não se deixou como exemplo.
Para que as eleições de 2010 não fossem coroadas pela absoluta falta de coerência o deputado federal com o maior número de votos no Brasil foi o palhaço e comediante Tiririca, analfabeto.
O povo brasileiro não pode exigir para seus filhos e netos que o governo aprove projetos na área da Educação, se nós mesmos cometemos tamanha "ignorância". Se queremos nos rebelar com os descasos governamentais temos que copiar os "caras pintadas" de 1992, a maioria composta por jovens estudantes.
Registro aqui o fato ocorrido no dia 3 de outubro de 2010 às 6:30 da manhã numa fila na calçada de um colégio estadual em Fortaleza, presenciado por meu irmão Antonio:
Um homem sai da fila à procura de um panfleto de cantidatos espalhados no chão, acha-o e sorri, volta para fila dizendo:
- Fui "caçar" meus canditatos e esses foram os sorteados.
Caros politícos estamos precisando urgente de seriedade na área de EDUCAÇÃO no Brasil!

* * * *
Fátima Silva
17.10.10

sábado, 16 de outubro de 2010

A fúria da montanha

Há mais de um século o seio da terra era devastado, rasgado pela ambição do homem. É claro, que uma mina de onde são extraídas as riquezas que sustentam a economia do povo chileno, não é para ficar desativada. A economia, o desenvolvimento de um país não deve ser questionado. Porém as condições precárias que os mineiros chilenos trabalhavam, ou melhor, trabalham são altamente perigosas.
Então, como a voz humana não tinha mais eco nos ouvidos das autoridades, quem resolveu se pronunciar foi a montanha, a própria terra. Num grito de agonia desmoronou, desabou. Deixando 33 vidas enclausuradas dentro dela vivendo dias difíceis, dias de terror.
O homem mais uma vez derrubou as barreiras da resistência humana para sua sobrevivência. Um punhado de homens de faixas etárias diferentes, sendo o mais velho de 63 anos, se uniram e injetaram na mente forças e o ardente desejo de sair daquele buraco com vida.
A escuridão e o calor, junto com o pouco espaço para a locomoção fizeram com que esses homens mostrassem para o mundo inteiro o poder da fé, da esperança e o amor. Amor por suas próprias vidas e por suas esposas, filhos, mães, enfim por seus familiares. Sendo assim possível suportar o confinamento de 69 dias.
O mundo celebrou com festas, abraços, lágrimas de solidariedade, orações, sem contar com as especulações da mídia sobre a vida, a família de 33 mineiros que se tornaram heróis nacionais, ou até internacionais.
E a montanha?
Ela está lá no meio do deserto, impassível, poderosa.
O momento é de reflexão, é hora de revermos nossos valores morais, éticos, cívico, pois a Terra está agonizando.

* * * *

Fátima Silva
15.10.10

O dia do Professor

Sempre tive uma admiração pela profissão de Professor. Só não imaginava que aos 55 anos de idade iria retornar aos bancos escolares, muito menos nas condições em que me encontro hoje: cega.
Meu primeiro dia de aula no Instituto Hélio Góes foi assustador. Fui acompanhada por minha filha Angélica e esta foi informada para me deixar sozinha. Fomos recepcionadas por minha professora Cristiane Carvalho, carinhosamente chamada de Cris.
Ao chegarmos na sala de aula, a professoa Cris levou-me até o lugar que eu passaria a ocupar, sentei-me ao lado de uma mulher que se apresentou como Socorro, mais conhecida como Help.
Há 5 anos frequento a mesma sala da Reabilitação, ainda sento no mesmo lugar, já passaram outras professoras e todas para mim têm um grande valor.
A maioria delas tem idade para ser minha filha, em alguns momentos elas já se pareceram minha mãe, ou, irmã mais velha, com seus conselhos, carinho, atenção. Não trata-se de uma atenção em exagero, nem um carinho de protecionismo castrador, mas sim, uma comunhão de alegria ao ver que cada dia damos um passo rumo a nossa independência, dentro dos limites que a cegueira nos reserva.
Parabéns à Direção, Coordenação e Equipe de Professores do INSTITUTO HÉLIO GÓES - SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS.
Vocês são DEZ!!

Fátima Silva
15.10.10

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Entrevista para TV Unifor

A Biblioteca Braille da Sociedade de Assistência aos Cegos com seu cenário alegre, colorido e descontraído foi o local escolhido pela Escritora Fátima Silva para a entrevista com a repórter Daniele da TV Unifor.
Hoje, 15, foram gravadas as primeiras imagens da entrevista que contou com a participação do seu neto Yuri da Silva e do Prof. Paulo Roberto.
Em breve postaremos a data da exibição da entrevista.




terça-feira, 12 de outubro de 2010

Os mundos diferentes das crianças


DO OUTRO LADO DA AVENIDA

A rua é escura, deserta, sem calçamento, é mais um bairro da periferia.

A menininha não tem mais que dez anos, magrinha, cabelos desengrenhados, seu vestido está sujo e nos pés suas sandálias, estão se descolando. Ela está mais uma vez sentada na calçada, procura na escuridão se vê outras crianças, pois além de está faminta não pode entrar em casa.

A menina olha para o céu estrelado deita na calçada e começa a sonhar. Como estava com fome, sonhou com um enorme sorvete ou quem sabe um sanduíche acompanhado de um refrigerante. Passou as mãozinhas sobre seu pobre vestido e sentiu que usava uma roupa muito bonita, uma saia rodada e calçava sapatos e meias. Ah! E que linda era sua casa, estava toda iluminada, e em seu quarto tinha uma cama macia, os lençóis eram perfumados.

A menina assustada acordou de seu sonho quando ouviu o grito de sua mãe:

- Márcia onde você está? Pode entrar o meu cliente já saiu!

Rapidamente a menininha se levantou, olhou de um lado para outro e viu lá no fim do quarteirão o homem que era cliente de sua mãe. Entrou em casa, viu a cama da mãe em desordem, mas não entendia nada, só sabia que a mãe estava se vestindo para sair, ouviu quando ela falou novamente:

- Vou até o boteco do "seu" João comprar alguma coisa para você comer, depois se deite, pois tenho que sair de novo.

A mulher era ainda jovem sua aparência era desagradável; usava uma saia muito curta e a blusa exibia um decote bastante exagerado, seu rosto ainda tinha marcas de uma maquiagem feita às pressas com produtos de má qualidade.

A menininha ligou uma TV que dava mostras que estava a ponto de não mais funcionar, as figuras do programa estavam distorcidas.

A mulher foi rápida e voltou com uma sacola que jogou no colo da filha. Um pão passado com margarina e uma caixa com suco artificial. Lá de fora a mulher ainda recomendou:

- Vá dormir logo, desligue a TV!

A menininha comeu o lanche, depois deitou na rede num canto do quartinho, seu lençol estava rasgado, jogou a caixa do suco ali mesmo dentro do quarto e dormiu.

Não sabia que horas eram se era sonho ou realidade, mas ouviu que sua mãe chamava alto um homem, sua voz não era normal, parece que tinha bebido.

Pela manhã acordou e sentou na rede e viu a mãe deitada quase nua, coberta apenas com um pedaço de pano que fazia de lençol. A menina abriu a janela com cuidado e olhou para fora, alguns vizinhos já conversavam no meio da rua e como era seu costume pulou a janela e foi brincar com seus amiguinhos. A criançada corria em brincadeiras inocentes onde se misturavam com cães vira latas, vendedores ambulantes.

As crianças correram até uma avenida muito larga onde naquele horário transitavam carros, ônibus, homens em bicicletas. Do outro lado da avenida havia vários condomínios de apartamentos luxuosos, com guaritas e cercas elétricas.

Uma menininha acordou e correu para a janela de seu quarto. O apartamento era num condomínio fechado e lá do alto ela podia ver que as crianças da "favela”, (era assim que seus pais se referiam aquelas casinhas do outro lado da avenida), já corriam de um lado para outro. Algumas iam para um sinal de trânsito e pediam trocados aos motoristas.

Lá do alto a menininha olhava com inveja, pois logo mais a empregada entraria em seu quarto para averiguar se ela já tinha tomado banho, escovado os dentes, penteado os cabelos. Ela tinha dez anos.

A empregada entrou e falou:

- O que você está ainda olhando pela janela? Já está em cima da hora do transporte escolar chegar. Vamos rápido! Seus pais já estão na mesa, Márcia.

A menininha entrou no transporte escolar e começou a sonhar. Viu a si mesmo correndo na beira da avenida pedindo trocados, chupando laranja sentada numa esquina. Sua casa era tão pequenininha que mal dava para colocar as camas de seus pais, que dormiam abraçados.

Seu pai sairia de manhã para trabalhar daria um beijo na sua mãe e a colocaria no colo afagando seus cabelos e dizendo:

- Não chore querida, mas o papai tem que ir trabalhar! Logo mais a noite quero encontrar minhas duas princesas bem bonitas.

Acordou do seu sonho por um toque de celular, era o do motorista, o homem falou alguma coisa para sua auxiliar e continuou seu trajeto.

A moça olhou para Márcia e disse:

- Seu pai ligou Márcia, ele vai viajar a negócios, vamos deixá-la na casa de sua avó.

À noite a menininha jantou sozinha, numa imensa mesa posta só para ela.

Sua avó estava indisposta e, por isso permaneceu trancada no quarto. Sua mãe havia saído para passear com algumas amigas.

Márcia depois do jantar foi para seu quarto, ligou a TV e foi para a janela, com raiva puxou as cortinas. Dali só era possível ver o muro alto da mansão.

A menininha falou em voz alta:

- Que ódio, aqui é pior do que o apartamento. Lá pelo menos eu fico olhando meus "amiguinhos", principalmente a menininha dos cabelos assanhados, de roupa suja e, que às vezes corre até de pés descalços!

Fátima Silva
12.10.10

sábado, 9 de outubro de 2010

As estações do amor

Ao vermos a exuberância das flores
Sentimos que a Primavera
Esbanja beleza e aroma.
O perfume das flores nos embriaga,
Pois somos adolescentes.
O amor chega aos nossos corações
Como brisa matutina,
E as macias pétalas das rosas
Enfeitam nossos sonhos
De alegria e prazer.

No clima quente do Verão
Sentimos o calor dos nossos abraços.
O Sol aquece e arde
A paixão que invade nossos corações.
Somos jovens,
Nossos sonhos não têm limites
Voam tão alto quanto a águia
Ou, rasantes quanto a abelha.

Hoje, somos adultos.
Vieram as chuvas de Inverno
Trazendo com elas,
trovões e relâmpagos.
Enxurradas nos levaram
Às situações geladas, frias.
Mas encontramos uma fogueira
Que aqueceu
Nossos corações tão frios.

As folhas amareladas prenunciam
Que estamos no Outono.
Chegamos à idade madura.
Demos frutos e nossas sementes
Multiplicaram-se.
As mágoas, os rancores, os ciúmes,
Não impediu que o nosso amor,
Marcado pelo relógio do tempo.
Marque apenas:
ETERNO!


Fátima Silva
Escrito em: 01/06/09
Obs.: Meu primeiro texto poético.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

1º Congresso Muito Especial no Ceará... Fazendo possível acreditar na tão sonhada Inclusão Social



Aconteceu aqui em Fortaleza o 1º Congresso Muito Especial de Tecnologia Assistiva e Inclusão Social das Pessoas com Deficiência no Ceará nos dias 27, 28, 29 e 30 de setembro no Marina Park Hotel.
A realização do Congresso foi para reforçar a importância do tema e apresentar as inovações na área da Tecnologia Assistiva, além de debater sobre novas possibilidades que facilitam e contribuem para inclusão social da pessoa com deficiência.
Os convidados puderam apreciar um show de abertura (27) da cantora Mayara Rios, cega, ex-participante do Programa Ídolos - 2010 exibido pela Rede Record. Um show que abrilhantou a noite daqueles ali presentes, seguido do coquetel de boas-vindas aos participantes.
Durante estes dias a programação que iniciava às 8hs da manhã, contava com mesas temáticas, palestras e debates com temas voltados à inclusão social das pessoas com deficiência, inclusão profissional, tecnologia assistiva e inovação, acessibilidade, atividades da vida diária, como lidar com as pessoas com deficiência.
O evento contou com palestras de renomados profissionais da área, como Romeu Kazumi Sassaki, atuante no campo da deficiência há 50 anos, conselheiro do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e membro do Comitê Brasileiro de Tecnologia Assistiva da Secretaria de Direitos Humanos.
Com certeza saímos com um conhecimento muito maior do que é ser deficiente, do papel que exercemos na sociedade, das dificuldades e necessidades que cada deficiente, de acordo com sua deficiência, precisa para que sua vida venha a ser no mínimo digna.


"Deficiente não é a pessoa que apresenta diferenças físicas, mentais ou sensoriais, deficiente é qualquer pessoa que não está apta para desempenhar função fora do seu conhecimento e de seu alcance.
Deficiência não é doença; pode ser uma sequela da doença.
A deficiência não modifica o ser em sua essência, apenas o limita em alguns aspectos. Com apoio, determinação e vontade, todos temos condições de transformar a limitação em potencial de adaptação ao meio."


Texto extraído da apostila
Como Lidar com as Pessoas com Deficiência

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cego corta verdura? Cozinha?


Muitas pessoas já me fizeram perguntas do tipo: Sua mãe cozinha, e ela não tem medo de se queimar? E corta verdura?
Já! Ela já teve queimaduras, antes da perda da visão várias vezes e depois duas vezes. Até porque acidentes desse tipo são corriqueiros na vida de uma dona de casa, não é mesmo? E tem mais, ninguém corta tão fininho rodelas de tomate e cebola quanto ela.
Essa é a maior prova de como é distante o mundo da cegueira para quem não convive próximo a ele, ou até mesmo nele.
Mas eu também já fiz essa pergunta um dia, e de fato eu sei o quanto é assustador.
Ainda lembro quando seu professor de mobilidade, da Reabilitação da SAC, (na época) Prof. Marcelo passou uma tarefa de casa para minha mãe: CORTAR UM FRANGO.
Foi um alvoroço, lembro-me que fiquei com tanto medo dela se cortar, me escondi atrás da parede da cozinha sem querer encarar, ou acreditar que aquela cena iria acontecer. Minha mãe cega prestes a cortar um frango. Mas eu precisava acreditar que ela era capaz.
E ela foi capaz!
Assim, com esses desafios de voltar a cuidar do seu lar, dentro das suas possibilidades, ela retomou a vontade de viver, saindo do ócio que a perda da visão trouxe para sua vida.

Este é o desafio na vida de quatro jovens deficientes visuais, entre a idade de 16 a 24 anos. Elas iniciaram um curso sobre atividades domésticas, em especial, as tarefas na cozinha no Centro de Atendimento Clínico Educacional (Cace) no município de Horizonte - Ce.
Conforme reportagem no Jornal Diário do Nordeste (05/10), na primeira aula, as jovens conheceram os utensílios de cozinha e prepararam uma salada de frutas.
Dessa forma os centros de reabilitações às pessoas cegas trazem a tão sonhada autonomia e independência para suas vidas.
Por isso, é muito importante o trabalho dessas instituições, pois o maior intuito é fazer com que pessoas com necessidades especiais sintam-se úteis, válidas, eficientes e mostrar tanto para elas, quanto à sociedade que a perda de um membro, ou de um sentido, não é o fim da vida e sim um novo começo.

Foto: Diário do Nordeste


Fonte: Diário do Nordeste
Confira a reportagem completa no site:


Por Angélica Braga

sábado, 2 de outubro de 2010

Urna Eletrônica

Sinto certa nostalgia ao falar sobre eleições. Lembro do tempo do título com foto e com assinatura, do presidente da mesa da seção, localizada no verso do título que confirmava o voto.
Pessoas vestiam sua melhor roupa para cumprir seu dever de cidadão. O dia de eleição tinha um ar diferente dos demais, havia um clima de festa misturado ao sentimento de civismo.
Crianças não entendiam muito bem o porque do ar grave dos adultos e tratavam de brincar o máximo possível.
As filas eram enormes, algumas seções varavam a madrugada. As informações eram poucas, transmitidas ao público através do rádio e jornais, matuninos ou vespertinos, vendidos nas bancas ou pelos meninos que circulavam pelo centro da cidade, gritando as principais notícias.
Não se falava em comunismo ou socialismo em voz alta. As mulheres votavam, porém não discutiam política.
Eleições tinha cheiro de charuto, paletó de linho e chapéu, assunto exclusivo para homens.
Saudades da contagem manual, recontagem de votos, urnas anuladas.
Eleições 2010.
Voto digital, um minuto.
Domingo antes da meia-noite, provavelmente, o Brasil inteiro já saiba o nome do(a) Presidente, governadores, senadores e deputados. Ou, ainda, se haverá 2º turno. Através das notícias vinculadas de imediato na Internet, jornais e plantões de comunicação na TV, etc.
Saudades...
Fátima Silva

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Virou notícia

Foi exibido no Nordeste Notícias da TV Diário o lançamento do livro As Aventuras Noturnas de Soneca e Bocejo de Fátima Silva.

Confira a matéria que foi ao ar no dia 24/09/10




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