segunda-feira, 30 de novembro de 2015

LÁGRIMA

Escorre molhando todo rosto.
Um soluço e rompe o pranto
represado pela mágoa, dor física ou emocional.
Em momentos de alegrias elas
teimam e escorrem sobre o rosto ou deixam os olhos
com um brilho especial.
Ela vem rasgando o peito quando a lembrança                                                                                    traz uma mala cheia de saudades.
Histérica quando sem aviso prévio a dor da
perda do ente mais querido ou,
do nosso bichinho de estimação.
Alguns conseguem reprimir o choro,
engolem o gosto amargo disfarçando com
um sorriso nos lábios trêmulos.
Mãos e olhos na prece de olhos fitos
no sobrenatural que crê.
Já que todas as chances naturais
se esvaíram nas portas fechadas e
repetidos nãos lhe consumiram a esperança.
Ao nascermos o choro ecoa
como grito de vitória.
Quando a morte  surpreende,
ela escorre pelo cantos de olhos
perplexos com a rapidez
que constrói uma história.
Alguns deixam rios de lágrimas entre
os parentes e aderentes, amigos, conhecidos
numa rápida oportunidade.
Outros ouve-se apenas um soluço,
precedido pelo barulho seco da areia fofa.
Onde a terra de boca aberta toma posse
do que a natureza lhe entrega a
se tornar pó.
Cumprindo o ciclo natural da vida.
Fátima Silva
30/11/15

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

MINAS GERAIS X PARIS


A lama,
O  tiro.
O grito.
Meu Deus!
Mon Dieu!
A dor que aperta o peito, sufoca o medo.
A represa rompe.
O rio Doce.
Se torna lama.
Mon Dieu! A bala que rasga o peito.
Que represa a lágrima.
O som das bombas interrompe a dança.
Os corpos bailam na macabra dança da inundação.
E o grito dos peixes alguém ouviu?
O canto dos pássaros é contido pela força da lama.
Paris iluminada pelas balas de faces brutais.
A sirene ecoa, os corpos caídos.
Com olhos vítreos, expressão de terror.
A lágrima na face com lama.
Sobre o céu do Brasil a barragem da ganância
que mata o rio.
As luzes de Paris ofuscam o sangue de vítimas e algozes
estilhaçados pela ideologia do massacre.
Enquanto em Minas, se grita:
Oh meu Deus!
Paris assustada geme:
Mon Dieu!
Como medir tamanha dor?
Porque morte traz choro,
não importa o idioma.

Fátima Silva
16/11/15

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

MARCAS DO TEMPO

Estive estes dias olhando no túnel de minha memória, passando
como na tela de um filme muitas das coisas que eu vi e vivi, em
todos estes meus anos.
Eu vi o pobre ficando rico, e vi o rico ficando pobre,
Eu vi a tecnologia unindo as pessoas de longe, e vejo a mesma tecnologia separando as pessoas de perto,
Vi pessoas inteligentes sendo dominadas, e vejo os ignorantes e astutos dominando,
Vi o homem gastando sua fortuna para chegar a lua, e explorar planetas distante, mas não conseguem chegar a casa do necessitado e aflito que estão perto.
Vi uma pessoa inspirar e transformar uma nação, vi também uma pessoa revoltar e destruir uma nação,
Vi a lágrima derramada pela alegria do nascimento, vi a lágrima derramada pela tristeza da morte,
Vi pessoas enfrentando a vida como se estivessem mortas, mas presenciei pessoas enfrentando a morte como se nunca morressem.
Vi o amor eterno passando como uma estrela cadente, e vi o amor passageiro ficando pra sempre,
Vi o que o ódio e o rancor são capazes de fazer, mas também vi o que o amor e perdão são capazes de superar.
Vi o orgulho e a presunção destruindo pessoas que pensavam estar em pé, mas vi também a humildade e devoção levantando pessoas caídas,
Carrego hoje em mim as marcas de todas aquelas coisas que presenciei, mas entro nos próximos anos não trazendo as dores e angustias das coisas que vi, mas sim a esperança daquilo que eu ainda não vi.
Eu nunca vi a pessoa que serve a Deus ser desamparada .
Eu nunca vi Deus mentir ou voltar atras com sua promessa,
Nunca vi o mal terminar vitorioso, e nem o que pratica a bondade ser esquecido.
*Autor Desconhecido

*

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

DOCES LEMBRANÇAS II


   Meu pai quando chegava do trabalho, trazia um jornal debaixo do braço. Tanto ele como minha mãe sabiam ler e escrever, e hoje me pergunto dá onde eles tiraram o gosto pela leitura? Minha avó paterna lia o jornal e o livrinho de suas orações, minha avó materna era analfabeta e meu avô materno sabia ler e escrever.
   Éramos seis filhos, todos foram para escola sabendo ler e escrever. Meu pai mandava que lêssemos pequenos artigos dos jornais, para saber como estava o nosso desempenho na escola. Fazíamos cadernos e cadernos de caligrafia para que tivéssemos letra legível.
   Aprendemos a separar as sílabas e soletrar, e não era como no Soletrando do Luciano Hulk, era soletrar sílaba por sílaba, até formar a palavra. Os verbos da 1a.
conjugação escrevíamos páginas e páginas do caderno com todos os tempos verbais. Lembro que minha professora para ensinar redação levava uns cadernos com figuras ampliadas, então narrávamos o que víamos, aprendemos a escrever cartas, bilhetes.
   Nas quinzenas meu pai trazia além do jornal, revistas em quadrinhos para nós e para mamãe, a revista O Cruzeiro. Comprava também uns livrinhos de contos de fadas das Edições Melhoramentos. Ele e minha mãe selecionava o que devíamos ler tanto nos jornais como na revista O Cruzeiro. Meu pai gostava de romances e tínhamos à mão O Conde de Monte Cristo,O Homem da Máscara de Ferro, sem contar a revista Detetive que somente quem lia era nossos pais.                                             Minha mãe se aborrecia quando meu pai bebia e a chamava de duqueza Danglais, personagem do livro O Conde de Monte Cristo. Não tínhamos autorização para ler o romance mais nossos pais comentavam sobre o livro e todos sabíamos sobre o infortúnio de Edmond Dantès.
   No domingo (25/10/15), ao fazer a prova de redação do ENEM me reportei a todos esses conceitos educacionais que recebi no seio da minha família, fui envolvida por um nervosismo por conta da baixa visão e também para um passado tão distante onde não havia tecnologias e metodologias na educação. O que havia era uma palmatória tanto em casa como na escola. Não sei se irei alcançar uma boa pontuação na redação que fiz, porém, os conceitos de uma dissertação aprendi há muitos anos atrás.
   Agradeço a Deus pela vida dos meus pais, pelas vezes em que eu e meus irmãos apanhamos para estudar, pelas advertências no nosso comportamento e no respeito aos idosos, enfim, meu Deus, muito obrigada de ser filha de RAIMUNDO JOSÉ DA SILVA e de MARIA AUGUSTA DA SILVA.
   Fátima Silva
   Escritora, membro da Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos-ALASAC.
   02/10/15

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