sexta-feira, 15 de maio de 2015
TRAIÇÃO
Carlinha era casada há mais de doze anos quando conheceu Antonio.
Solteiro, filho único, trabalhava numa seguradora, morava com os pais, tinha seu quarto com uma porta que dava acesso direto com a garagem. Ao ver Carlinha conversando com sua mãe se aproximou da mesa de jantar onde as duas conversavam e tomavam café. A mãe pediu licença a amiga e falou para o filho: - Não foi trabalhar filho? Sente conosco e tome um cafezinho com bolo. E acrescentou: - Essa é Carlinha minha amiga, mora há poucos quarteirões daqui de nossa casa.
Carlinha sentiu o olhar malicioso de Antonio e com a mão esquerda espalmada para mostrar a aliança de casada falou: - Gosto muito de sua mãe, como não tenho mais mãe vim pedir uma receita boa de xarope, pois minha filha mais nova está muito gripada.
Antonio não demonstrou dar a menor importância ao fato de Carlinha ser casada e ter filhos e sem preâmbulos disse: - Gostei de você Carlinha, depois vou anotar seu celular com minha mãe, terminei um noivado agora depois de muitos anos e estou precisando namorar.
Carlinha ficou rubra de vergonha, nunca tinha sido "cantada" tão acintosamente e, na frente de sua melhor amiga que apenas disse para o filho: - Tenha juízo menino, Carlinha é uma mulher séria, apesar de ser uma sofredora, fez um péssimo casamento. E continuou: Também engravidou com quatorze anos, não sabe nem o que é namorar.
Antonio pediu licença deu uma piscadela para Carlinha e saiu assobiando em direção ao seu quarto. Carlinha ao chegar em casa ficou a pensar nos olhares que Antonio lançara para seu corpo. Era baixa, seios volumosos ressaltados pela camiseta de cavas e decote generosos. O short curto expunha suas pernas e coxas grossas. Foi até o espelho e se olhou, viu uma jovem mulher de cabelos crespos amarrados no alto da cabeça, lábios grossos, olhos brilhantes. Ouviu o toque do celular, atendeu o número desconhecido e ficou pálida ao ouvir do outra lado linha a voz de Antonio sorridente lhe chamando para dar uma volta. Sem titubear, tomada por um frenesi da aventura marcou a hora e correu para o banheiro cantarolando.
Desse dia em diante Carlinha e Antonio passaram a se encontrar quase todos os dias. Um dia Carlinha foi surpreendida quando Antonio entrou com ela sua moto na garagem da casa dele. Era um sábado seu marido com certeza quando saísse do trabalho ia beber e somente a noitinha voltava para casa completamente bêbado.
A medida que o tempo passava Carlinha começou a pressionar Antonio, queria algo mais, se separar do marido e viver livremente com seu amante, sem precisar todo dia dar uma desculpa e o pior era que não suportava nem olhar para o marido, que às vezes na cama reclamava: - Que é isso mulher, tu só vive agora doente, é dor de cabeça, é cansaço... O que tá havendo? Então para não haver qualquer desconfiança ela cedia mais, seu pensamento era direto no amante.
Um sábado Carlinha fora cedo para casa de Antonio, os encontros já eram do conhecimento de dona Alice, mãe de Antonio, que dizia para o filho: - Tenha cuidado, meu filho, Carlinha é uma mulher casada e tem duas filhas para criar.
Se passaram dois anos e foram muitas as insistências de Carlinha, até que Antonio alugou uma casa. Depois da casa alugada Carlinha chamou seu marido e falou: - Nosso casamento não está mais dando certo, o melhor é a gente se separar, você só vive bêbado, minhas filhas nunca passeiam com você, graças a Deus, que o filho da minha amiga dona Alice, gosta muito das meninas e aqui acolá está levando elas para uma sorveteria, pizzaria... Eu já sou adulta me conformo de não passear mais as meninas, estão ficando mocinhas, nunca saem com você.
A discursão durou quase a noite toda e pela manhã o marido de Carlinha saiu de casa para alegria dela. Depois que as meninas foram para a escola, Carlinha se arrumou e foi contar tudo para sua amiga dona Alice e breve sua sogra. Dona Alice ficou cabisbaixa ouvindo a mulher alegremente sobre a saída do marido de casa. Carlinha ligou para o namorado lhe contando a novidade e pediu que ele viesse direto para casa, pois ela tinha muitos planos para o futuro deles.
Carlinha saiu da casa de dona Alice e não resistiu a curiosidade e foi até a tal casa que Antonio tinha alugado. Chegando lá viu que tinha dois homens ajeitando a calçada, pediu licença e entrou. Para sua surpresa uma moça alta, bem vestida estava no jardim falando para um rapazote sobre as plantas. Essa ao ver Carlinha se dirige até ela e pergunta: - Pois não, a senhora queria alugar a casa? Eu e meu noivo já alugamos.
Carlinha ficou pálida e perguntou gaguejando: - Como é o nome do seu noivo? A moça lhe responde sem pestanejar: - Se chama Antonio, filho da dona Alice, por que?
Ainda em estado de choque Carlinha fala: - É porque sou muito amiga de dona Alice e ela nunca me disse que o seu filho estava noivo.
A moça deu um risinho e respondeu: - Porque há dois anos tivemos uma briga feia e quando voltamos nosso noivado uma das coisas que Antonio mais me pediu é que eu não andasse na casa da mãe dele pois essa não gostava de mim. E se eu lhe contar, a senhora não vai acreditar, a dona Alice ajeitou um namoro do Antonio com uma mulher casada, só para ele não voltar prá mim.! Carlinha sentiu uma tontura, uma imensa vontade de chorar, então a moça
lhe perguntou: - A senhora está bem? Está pálida?
Fátima Silva
15/05/15
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