segunda-feira, 9 de março de 2015
OS CUIDADOS DA COMADRE RITINHA
Ritinha e Diassis iam todos os finais de semana visitar seus familiares e amigos no lugarejo onde nasceram.
A localidade se chamava Imbu, a igreja era a principal construção rodeada por uma pracinha com bancos de madeira e alguns canteiros de plantas e rosas.
Aos domingos as pessoas iam fazer suas compras na feira que tomava um grande espaço na rua lateral da igreja. Na feira se encontrava de tudo, dos cereais, as carnes, frutas, verduras e peças de roupas, calçados.
Diassis era um comerciante bem sucedido na capital, com o crescimento dos negócios mandara construir uma casa grande no terrenos que ganhara dos seus pais, já falecidos.
Ritinha era tida como mulher de muita sorte, já que Diassis enricara e lhe dava uma vida de rainha na cidade grande. O casal tinha três filhos que preferiam ficar na cidade na casa de amigos pois achavam Imbu um fim de mundo e um lugar sem graça.
No sábado pela manhã o casal chegava no lugarejo, Ritinha com seu cabelo longo solto nas costas, sandálias rasteiras, vestido curto com um generoso decote, que mostrava suas pernas bem torneadas e seu colo exuberante.
Aos domingos o casal ia para a missa, e ao término dessa, se separavam, pois Ritinha ia conversar com as amigas e Diassis ficava bebendo uns "tragos" numa roda de amigos, alguns conhecia deste menino. Se encontravam somente ao entardecer, hora de viajarem para a cidade.
Certo domingo o comentário na feira era a morte súbita de dona Francisca, mulher de
Zé Antonio, compadre de Diassis e de Ritinha. O homem estava numa tristeza de cortar o coração, mandara os meninos para a casa da sogra e desde o ocorrido, não comia e nem bebia nada, somente um cafezinho e água do pote.
Ao saber da triste notícia de seu compadre Diassis pediu um cavalo emprestado e saiu a galope até o sítio de Zé Antonio.
Ao se aproximar do sítio Diassis diminuiu o trote do cavalo pois ouviu que havia visita na casa do compadre e era voz de mulher. Desceu do cavalo e veio puxando as rédeas até bem perto do terreiro onde algumas galinhas ciscavam.
Na varanda uma rede balançava, uma mulher estava deitada, no chão batido de barro uma sandália rasteira e um longo cabelo esvoaçava quase rente ao chão. Zé Antonio veio lá de dentro trazendo uma caneca, sentou na rede e foi enlaçado pelos braços da mulher.
O cachorro começou a latir fazendo com que Diassis saísse de trás dos arbustos, Ritinha com ligeireza ficou em pé ajeitando os seios fora do decote. Com uma das mãos no quadril gritou para Diassis:
- Não é nada do que você está pensando, vim apenas consolar nosso compadre Zé Antonio.
O barulho dos cascos do cavalo e o latido do cachorro encobriram a voz da mulher que ainda gritou:
- Ôxe deixe de ciúmes homem de Deus!
Fátima Silva
01/03/15
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