domingo, 29 de março de 2015

O GRITO


O homem caminha com passos rápidos
na rua sem asfalto e com pouca iluminação.
Seus sapatos fazem barulho sobre o calçamento
com pedras soltas.
Linhas de preocupação marcam sua testa
e lágrimas escorrem sobre seu rosto e formam
manchas no azul da camisa.
As luzes fracas da iluminação pública fazem sombras
lúgrebes e fantasmagóricas.
São fantasmas de um passado de poucas horas,
algumas semanas talvez uma década de anos...
As pessoas caminham com passos rápidos
com olhares rígidos, sem movimentos nas órbitas enormes.
Um cão de rua dá um latido e a lua brilha debaixo de
nuvens escuras e esgarçadas.
O homem sobe uma escada e debaixo da lâmpada fraca
ele pára e grita!
Grito de dor.
De dores adormecidas outras latentes e
vibrantes como fios retesados e esticados.
Grito de agonia.
Uivo da alma rasgada por sofrimentos
amontoados de lembranças.
Grito de desespero.
Com significado de: Basta!
Grito de alerta.
Que também diz: Não me critique mais,
pare de apontar meus erros e desprezar meus acertos.
Grito sem eco.
Levado pelo sopro dos ventos
da fria noite escura.

Fátima Silva
29/03/15

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