domingo, 8 de março de 2015

MULHER CEGA


Não vê as cenas da maldade,
não enxerga o rosto da falsidade,
não percebe quando sorri a felicidade.
Nunca verá a cor da mentira,
nem o rosto vermelho da ira,
muito menos pra onde aponta a mira.
A mulher cega quer ser vista
por aquele político da entrevista
ou pela notícia que não saiu na revista.
Ela não vê cara, vê coração
e enxerga com a emoção,
os cenários da verdadeira inclusão.
A mulher cega quer respeito,
quer punição pro malfeito
e acessibilidade pedir ao prefeito.
Namora como qualquer mulher,
sabe utilizar bem o talher
e guiar o vidente que vier.
A cegueira dela é uma luz,
para a discriminação que produz
uma sociedade que está cheia de pus.
A mulher cega não quer esmolas
quer homem visionário que lhe dê molas
e livros acessíveis pra colocar nas sacolas.
ela, com ou sem bengala,
sonhos de caminhar embala,
pela estrada por onde rala...
Paulo Roberto Cândido 
Presidente da Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos-ALASAC
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