As algemas aprisionaram dentro do
casulo o cerne do escritor.
O cubículo sem cores da cela foi testemunha
das viagens pelo mundo da leitura.
Visitou outras galáxias, viu estrelas a olho nu.
As letras tinham sabores doces,
outras penetravam na carne e gotas de suor
escorriam na mente livre.
Livre de culpas, pecados ou,
transgressões penais.
Os píncaros das montanhas cercados de vívidas florestas
e rios caudalosos se encontravam.
Relvas espessas repletas de flores matinais.
...
De volta no túnel do tempo tem diante de si:
Papel e caneta.
Rabisca a folha branca e as letras saltam dançando
como bailarinas formando textos e contextos.
Copia no PC com dedos ágeis temendo que as ideias,
fujam de dentro de sua cidadela,
do entorno, do contorno do seu coração.
Livre como o vento que sopra a tardinha.
Ideias, questões a serem debatidas em palcos,
púlpitos de aprendizado,
mestrado na vida,
doutorado na arte de ler e escrever.
Escrevi esse perfil para o meu amigo escritor Luiz Alberto Mendes Junior, paulistano, cumpriu pena por mais de 30 anos em prisões do estado. É autor de "Memórias de um Sobrevivente", "Cela Forte", "Às Cegas" e "Desconforto" . Também é colunista da Revista Trip.
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