sábado, 18 de outubro de 2014
O TRÂNSITO E O CADEIRANTE
Quase todos os dias ando de transporte coletivo.
Por conta disso, escuto e vejo cenas hilárias, grotescas, engraçadas e outras vezes uso do artífice de me "distrair" ou conversar com meus botões.
Acho que a maioria das pessoas que usam coletivos gostam de sentar no banco da janela, alguns ligam seus celulares e com fones no ouvido escutam suas músicas prediletas.
Outras cochilam e também tem aquele passageiro que gosta de conversar, às vezes falam tanto que nem notam a cara de aborrecimento do parceiro de poltrona.
Outro dia embarquei em um transporte coletivo no Terminal do Antonio Bezerra e apesar do horário, 14 horas, sentei em lugar perto da porta dianteira do ônibus.
O motorista ouvia músicas evangélicas e ouvi várias pessoas reclamando da demora do ônibus, outros comentavam sobre o intenso calor que assola nossa bela cidade de Fortaleza.
O ônibus seguiu sua rota subiu o viaduto e depois desceu, já na avenida Mister Hull. Dali começaram a descer e subir passageiros.
Como estava sentada bem na frente do transporte vi numa parada de ônibus algumas pessoas fazendo sinal para o coletivo Elas subiram rapidamente assim como o coletivo seguiu seu trajeto com rapidez.
A parada ficava em frente a Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Ceará.
Numa fração de minutos vi na parada de ônibus um homem numa cadeira de rodas, ele ficou sozinho, talvez a espera de um transporte acessível.
Era um homem jovem, talvez 30 anos, calças jeans, camisa xadrez, sapatos preto.
Os cabelos bem cortado e penteado. Um cidadão, um homem comum, um ser humano mais... cadeirante.
Sua cadeira estava abaixo do meio fio pois não tinha rampa na calçada onde ficava a parada.
Numa tarde sob sol escaldante pude constatar a indiferença, o desrespeito a pessoa deficiente.
Os carros e ônibus passavam em alta velocidade, indiferentes a uma situação que para a maioria das pessoas não lhe dizem respeito. Talvez alguém pensou ou até comentou:
- Coitado desse homem "preso" nessa cadeira de rodas.
Ou outro comentou:
- Não sei porque uma pessoa "aleijada" sai de casa de sozinho.
Aquela imagem ficou gravada na minha memória.
Eu ia para o Instituto dos Cegos e ao descer do coletivo me encontrei com meus colegas empunhando suas bengalas...
Então pensei:
- Quantos deles não ficaram em suas paradas esperando ajuda?
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