quarta-feira, 29 de abril de 2015

PERDAS


Perdi meus óculos , porém,  logo os encontrei na minha mão direita
enquanto olhava distraída para a rosa desabrochando no jardim.
Dizem, pois não me  lembro, que chorei muito quando perdi meu
primeiro dentinho de leite.
Aos quinze anos perdi meus avós maternos.
Paizinho e Mãe Júlia, ela de colo gostoso  e ele                                                                                   com  seu passo miúdo e o cochilo na cadeira de balanço.
Meus tios viajaram para Manaus e recebíamos cartas
com letras desenhadas, depois veio o silencio
por conta do irremediável ciclo da vida.
Perdi horas  sonhando com um amor proibido.
Amigos que por conta de mudanças de endereço.
moram na caixinha de lembranças,                                                                                                          
outros  já dormem o sonho eterno.
Ah! Aquela bolsa que combinava  tão bem com meu estilo
desbotou e a sandália quebrou o salto,
sem contar que o vestido laranja a gola  esgarçou.
Desmarquei a viagem tão sonhada e perdi o horário
do encontro desejado pois a chuva não cessou, alagando ruas,
encharcando meus sapatos e desbotando o meu batom.
Cheguei atrasada na parada procurando a chave do portão.
Perdi meus pais...
Perdi minha visão...
Fiz muitas amizades , realizei sonhos nunca sonhados.
No coração trago a certeza que as perdas se tornaram ganhos
para não apagar a chama da esperança,
fortalecer a fé e expulsar o medo
de viver e ser feliz!
Fátima Silva
29/04/15

terça-feira, 28 de abril de 2015

VEM CÁ MENINO... VAI ALI MENINO...

                               
   O caçula de uma família de três ou mais filhos, quando chega da maternidade fica rodeado o tempo todo de família. Se chora, todos correm para ver o que está acontecendo, se sorri todos ficam embevecidos diante de tão bela cena.
    O aniversário de um aninho todos os olhos estão voltados para peraltices, as palavras ainda incompreensíveis e o chorinho  dengoso ao nascer os primeiros dentinhos.
   O nenem vai crescendo assim como seus  irmãos mais velhos, o mais velho já entrando na adolescência e outro cheio de amiguinhos no condomínio ou mesmo nas ruas da periferia.
   Quando caçula completa cinco anos, já está na escola e tem alguns amiguinhos mais ainda tudo muito vigiado pela empregada ou pelo os próprios pais.
   Então nessa fase o bebê, o nenem que é tão sabido, tão engraçadinho começa a fazer pequenos "favores" para a mamãe que fala com carinho: - Oh filhinho, veja se a sandália da mamãe está debaixo da cama! Ou então: - Oh querido, junta os seus brinquedinhos, a mamãe está esperando visitas.
   Aos dez anos o caçula limpa a casinha do cachorro, ajuda o pai a lavar o carro, vai na padaria comprar o pão e sempre ouve as desculpas: - Filho faça isso, porque seus irmãos estão estudando para o vestibular, ou para algum concurso.
   Sem contar os irmãos que gritam: - Alguém aí para atender essa campainha, são meus amigos que estão chegando para estudarmos.
   E isso ocorre justamente quando o caçula está jogando seu jogo predileto no vídeo game, ou está vendo aquele filme e no momento de maior ação ou suspense com seu ator predileto.
   Os irmãos já namoram, cursam faculdade e o mais velho estuda e trabalha e ninguém nota que o caçula já é um adolescente e não gosta quando sua mãe diz: - Menino deixa de preguiça vai atender a porta deve ser a farmácia ou levanta desse sofá seu irmão passou o dia trabalhando.
   Sem contar as vezes quem tem que ajudar a mãe a
arrumar as compras no armário ou receber a vozinha  que anda com passos vagarosos até a sala de visitas.
   Então, os irmãos mais velhos se casam, vão para suas casas e o caçula já namora, faz faculdade, até dirige o carro do seu pai.
   É com surpresa que o caçula escuta sua mãe dizer:  - Meu filho, preciso fazer umas comprinhas no shopping, chame sua namorada, vai ser uma tarde de sábado muito divertida.
   O caçula responde a mãe: - Mãe eu só tenho o final de semana para me divertir com minha namorada, já  temos outra programação.
   A mãe se vira para o pai e com voz de tristeza reclama:
   - Tá vendo aí meu "velho" que menino grosseiro, nunca pedimos nada a ele e, quando pedimos nunca tem um  tempinho para os pais.

Fátima Silva
28/04/15

sábado, 25 de abril de 2015

A GRAVIDEZ INDESEJADA

                                         
   Sílvia estava terminando o curso de Ciências Contábeis e estava noiva com Alberto.
   Alberto  era formado em Administração, trabalhava na gerencia de um banco e como era filho único, mesmo com seus 38 anos, morava com seus pais. Sílvia também morava com os pais que eram idosos, sua irmã mais nova Ana Carla  tinha casado e já era mãe.
   Sílvia vivia numa ansiedade para que Alberto comprasse uma casa e marcasse a data do casamento, o vestido seria o mesmo que sua mãe usara quando casou já que sua irmã mais nova casara grávida.
   Alberto aos sábados levava Sílvia ao cinema e depois ficavam namorando de mãos dadas no jardim da casa dela. Sílvia sempre arranjava um pretexto para ficarem longe dos olhares do senhor Carlos, que quando deixava de ouvir a voz da filha  pigarreava  se aproximando do casal e para dar dois dedos de prosa com Alberto. Aos domingos Alberto levava a noiva para a casa dos seus pais. Depois do almoço Alberto e Sílvia deitavam numa rede na varanda, então, a moça cobria seu noivo de ardentes beijos e carícias abrasadoras.
   A moça já tinha ido a um farmacêutico fazer algumas indagações sobre o uso da pílula anticoncepcional, porém, ela já ouvira e lera que a  Igreja Católica, e o Papa eram contrários que os casais casados,usassem esse tipo de comprimido e ela, que ainda nem casara?
   Certo domingo criou coragem e falou para Alberto sobre seus desejos carnais e a pílula, assuntos que o rapaz ouviu mais não deu muita  importãncia e até se abo
rroceu levantando-se da rede e indo assistir televisão junto a seus pais. Em dado momento o pai de Alberto começou a passa mal e é levado às pressas para o hospital, fica internado e sua esposa, dedicada, fica ao seu lado. Sílvia solícita se oferece para cuidar de Alberto enquanto seu pai está internado.
   Os pais de Sílvia não acataram com bons olhos essa história da filha ir dormir sozinha com o noivo, mas, essa fez juras e juras que tinha juízo, arrumando uma sacola de roupas e saindo às pressas em direção a farmácia para comprar os comprimidos. Chegando na casa de Alberto o quarto de hóspede já estava limpo e arrumado para receber Sílvia que de má vontade pôs sua sacola no armário. Alberto foi dormir cedo e Sílvia ficou alerta, então, de madrugada foi até o quarto de Alberto, a porta entreaberta deu livre acesso a moça de adentrar no quarto banhado por uma réstia da iluminação pública. A moça deitou ao lado do rapaz que se mexeu e acordou enlaçado pelos braços da noiva, beijos e carícias.
   Ao amanhecer Sílvia não se importou com o olhar atravessado que a empregada lhe lançou ao sair cantarolando do quarto do patrão. Ao sentarem na mesa para tomar o desjejum o telefone  tocou, era do hospital e as notícias não eram boas. O pai de Alberto tinha que ir para São Paulo, precisava de cuidados urgentes, pois seu caso era grave.
   As passagens foram compradas e para surpresa de Sílvia seu noivo ia viajar também com os pais. Aos prantos a moça ajuda  Alberto com as bagagens e depois retornando para sua casa, correndo para seu quarto para acender uma vela nos pés do seu santo de devoção.
   Já fazia um mês que Alberto e seus pais viajara e Sílvia cada dia ficava mais apreensiva já que não estava se sentindo muito bem de saúde, principalmente pela manhã, sentia náuseas, falta de apetite e uma sonolência, coisa que nunca lhe acontecera antes. Como o mal estar aumentava a cada dia, lembrou do farmacêutico... Voltou para casa às pressas, abriu a sacola e lá estava a caixa de comprimidos intacta. E agora será que estava grávida? Fora somente uma vez que tivera relações sexuais com seu noivo, tinha que avisar Alberto. Precisavam casar com urgência, o que seus pais iriam dizer ? E sua irmã? Ligou várias vezes para o hotel onde Alberto estava hospedado e numa das ligações ao se identificar como noiva  do rapaz para o gerente, esse com voz embargada lhe comunica que o pai de Alberto havia falecido.
   - E Alberto onde estava que nada lhe dissera, e  sua responsabilidade de noivo? Pergunta ao gerente. E esse com solicitude lhe diz solenemente:
    - O doutor Alberto viajou com sua mãezinha, agora viúva,  embarcou  num navio em Santos para fazer um cruzeiro pela Europa. Ele me pediu para colocar uma carta e uma encomenda nos correios para a senhorita,a  caixinha com a aliança de noivado, inclusive já despachei, deve em breve está chegando.
    Quando a moça desliga o telefone vê seus pais  com olhares acusadores e afunda na poltrona ao ouvir sua mãe dizer:
    - A empregada da casa de Alberto disse para mim que você dormiu no quarto dele antes da viagem, é verdade?

Fátima Silva
24/04/15




sexta-feira, 17 de abril de 2015

MUDANÇA DE VIDA


Francisca e Mazé eram irmãs e conversavam na porta do casebre onde moravam. Os pais das jovens tinham ido para fila do carro pipa, no centro do lugarejo.
Os vestidos eram surrados, cabelos compridos, olhos  grandes, eram magras, pálidas, porém, bonitas. Francisca tinha 17 anos e Mazé 16 anos. Somente elas duas e os pais escaparam da seca, da pobreza e da fome. Francisca segurava nas mãos uma revista velha, sem capa. Ela folheava e suspirava ao ver as roupas bonitas, mulheres lindas e sorridentes. Quase num sussurro falou para a irmã: - Tô pensando em ir embora daqui. A irmã respondeu: - Eu quero ir também, você me leva?
A outra fez um sinal pois ouviu o rangido da carroça, eram os pais das moças trazendo a água.
Passava da meia noite quando as duas moças abriram a porta da frente do casebre e se embrenharam no mato com passos firmes e decididos. O plano de Mazé era chegar no posto de gasolina, pedir uma carona e ir para uma cidade onde pudessem trabalhar, eram acostumadas no trabalho pesado desde de criancinhas.
Quase ao meio dia  as duas moças se aproximaram do posto de gasolina, estavam  suadas e com os pés cheios de bolhas.
Zezão era motorista de caminhão há muitos anos, já vira de tudo nessa vida.  Elas arregalaram os olhos quando viram na frente delas aquele enorme homem com uma faca na mão. Com dureza Zezão falou: - Subam no caminhão sem gritar, ou então, mato as duas, agora.
Zezão deu uma marmita de comida e água. Elas comeram devagarinho saboreando cada colherada de comida, cada gole de água. Quando terminaram de comer Zezão estendeu uma mochila e disse: - Aí dentro tem umas roupas e sandálias. Ah! Tem também escovas de pentear, detesto mulher  assanhada. Vou sair mais volto logo.
Os olhos de  Francisca  brilharam quando viu as calças jeans, a camiseta decotada e calcinhas transparentes.  Calçou as sandálias e começou a pentear seus longos cabelos e disse para a irmã: - Não tenha medo, nosso plano vai dar certo com certeza esse moço vai nos arranjar um trabalho, então pagamos as roupas, não é?
Mazé balançou a cabeça dizendo sim mais seus olhos estavam assustados.
Quando Zezão voltou levou as duas moças para uma pousada ali perto  e só saíram a noite. Via-se que o andar das duas moças já não eram tão firmes e decididos como quando fugiram de casa. Dali foram para um restaurante, as mesas lotadas de homens e mulheres. Zezão não tirava os olhos de cima de Mazé pois notava-se claramente o medo nos seus olhos.
Já era de madrugada quando Zezão levou as duas para a cabine do caminhão, Francisca estava completamente bêbada enquanto a irmã soluçava baixinho. Ele deixou as duas na cabine e foi deitar numa rede embaixo da carroceria.
No outro dia Zezão foi para a pousada, lá tomaram banho e foi servido um reforçado café. Ao terminarem o café o homem fala: - Para o quarto as duas!
Mazé deu um gemido baixinho o que fez com que o homem puxasse seu cabelo e com raiva diz: - Se choramingar vou lhe dar uma surra!
Na horário do almoço Zezão deixa as duas moças sozinhas, trancadas, senta numa mesa e come vagarosamente. Volta ao quarto com duas marmitas e fica olhando para a rua enquanto as duas moças comem. A noite vão para o restaurante, essa rotina segue por cinco dias. Quando as moças saem do quarto da pousada Zezão pede um jantar ali mesmo e depois diz: - Vamos viajar para São Paulo, a farra acabou.
Foram três dias de muita velocidade.
Francisca e Mazé cochilavam quando Zezão falou: - Acordem meninas, chegamos em São Paulo e um belo trabalho  espera por vocês. Venham conhecer D. Sinhá, ela já está a espera de vocês.
Ao lado do posto,  um prédio de dois andares com a pintura descascada e uma placa onde lia-se Boate Bonequinhas do Sertão. As moças foram recebidas por uma senhora gorda vestida em uma roupa larga estampada, no rosto uma maquiagem extravagante. Zezão apertou a mão gorda da mulher em despedida.
Abriu a carteira deu um dinheiro para Francisca e fez um afago no rosto de Mazé e em voz alta disse: Adeus!
Fátima Silva
13/04/15

quarta-feira, 8 de abril de 2015

ONZE ANOS



Hoje faz 11 anos que sai da prisão, depois de 31 anos e 10

meses preso. Fui aprisionado aos 19 e sai com 51 anos. Quando

conto, muitos dizem: uma vida! Perdeste a juventude e a parte mais

importante da vida. Outros dizem somente: nossa! E logo imaginam

que crimes horrendos praticou esse cara para ficar tantos anos

preso? Isso deve ser uma víbora, deve ser um monstro por haver

vivido tantos anos trancafiado! O preconceito sempre fala mais alto.

Claro, há os que têm dó de mim e até compaixão pelo sofrimento

que imaginam, devo ter passado. Há até quem diga: quanto tempo

perdido! O fato é que para bem ou para mal, ninguém deixa de se

impressionar.

Acho que só eu é que não me impressiono. Apenas vivi o que

havia a ser vivido, o que fazer de diferente se as grades, guardas

armados e muralhas impediam? Claro, sofri horrores. Cada vez que

o choque da PM invadia as cadeias onde estive (e foram muitas),

apanhei como gente grande. Passei por todo tipo de tortura e

sofrimento. Pau de estrada, pau-de-arara, pau de afogamento e

pau de esculacho. Espancamentos com pau, borracha, cano de

ferro, socos, soco inglês e pontapés. Vivi a solidão mais acerba, as

angústias mais pesadas, o tédio mais constante e as depressões

mais doloridas. Enfrentei misérias interiores e exteriores que aqui

fora nem se tem ide
ia de que existam. Encarei celas-fortes

(desconheço celas "fracas"), cafuas, masmorras, celas de castigo,

isolamentos, tudo o que pode haver de pior nas prisões. Me

alimentei com o pão que o diabo amassou muitas vezes; restos,

comida estragada, azeda, até papel higiênico desceu depois de 8

dias de fome em uma prisão. Mas eu apenas lutei para sobreviver,

não podia fazer nada diferente do que as condições permitiam.

Houve a contrapartida também, mas não por conta das

"autoridades"; esses só me sacrificaram o quanto mais puderam.

Rompi com a cultura do crime; estudei e li desesperadamente (12,

14 horas por dia). Aprendi novos valores, conheci pessoas

maravilhosas que me incentivaram e apoiaram nos piores

momentos. É ai que se conhecem as pessoas e eu tive e tenho

grandes amigos, lá dentro e aqui fora. Amei e fui amado. Tive

companheiras magníficas que enfrentaram filas intermináveis por 5,

6 horas, incansáveis. Passavam por revistas humilhantes,

piadinhas maliciosas de guardas escrotos e covardes, foram

descriminadas e enfrentaram muitos preconceitos só porque me

amavam. E essa era a minha maior fonte de dor, doía mais

violência do quando me batiam ou feriam. Minhas homenagens, no

dia de hoje, à essas grandes mulheres.

Aprendi a gostar das pessoas, a ter compaixão por todos

aqueles que sofrem e ser indulgente com aqueles que fazem sofrer.

Não alimentei meu coração de revolta, não odeio ninguém, nem os

que me sacrificaram. Hoje estou ainda metido a escritor, com 5

livros publicados e um em processo de publicação; coluna há 13

anos na Revista Trip; blog com milhares de acessos; fazendo

palestras; Oficinas de Leitura e Escrita; fazendo meus textos de

free lancer em revistas e jornais; participando de movimentos

políticos e sociais; ativo, aberto a todos que me procuram e pronto

para assumir toda responsabilidade que a mim couber. Estou

maduro, responsável, sério e válido para o que for necessário.

Hoje, dia 05/04/2015, completo 11 anos que fui libertado após

cumprir a pena máxima do país e mais alguma coisa. Todo ano,

nessa data comemoro e escrevo acerca do que vivi e cheio de

agradecimento pelas pessoas que me leem, que gostam de mim e

me procuram. Estou pacificado, firme e certo de que estou no

caminho mais correto para mim. Saúdo a todos com um brinde e

desejo do fundo do coração que sejam o mais felizes que puderem;

Saúde!!!

                                               **

Luiz Mendes

05/04/2015.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

O MOTORISTA ACESSÍVEL


Nas minhas idas e vindas como passageiro de transporte coletivo, por ser deficiente visual, conheci o motorista Alan Kardec.
Alan Kardec era motorista da linha 021 - Jardim das Oliveiras- Luciano Cavalcante- Papicu. Meu trajeto era ir para o Instituto Hélio Góes, na avenida Bezerra de Menezes. Ia nesse coletivo até o Iguatemi na avenida Washington Soares, descia e ficava na mesma parada para pegar a Topic 06 ou a 55.
Eu e Alan Kardec conversávamos durante esse trajeto até Iguatemi. Daí fiquei sabendo que sua mãe era espírita assim como a minha mãe.
Certa vez comentei com ele o meu trajeto, então quando chegávamos no Iguatemi ele sempre observava se vinha alguma das Topic's 06 ou 55 e, se acontecia isso, ele pedia ao motorista das Topic's para parar, ou então, ele descia do ônibus junto comigo para que eu subisse na Topic.
Mais o fato mais interessante que me aconteceu com meu amigo Alan Kardec foi o dia em que comentei com ele que ia descer no Núcleo de Atenção Médica Integrada da Universidade de Fortaleza - NAMI, para pegar alguns medicamentos. O NAMI fica no bairro Edson Queiroz e não tem uma parada de ônibus em frente.
Ao chegarmos em frente ao NAMI, meu amigo Alan Kardec, puxou o freio de mão do ônibus, subiu a rampa do NAMI comigo e me acompanhou até a recepção. 
Infelizmente Alan Kardec saiu da empresa que faz a linha 021 mas, um dia eu estava com uma amiga na avenida João Pessoa quando parou um ônibus do meu lado e começou a buzinar, minha amiga então falou; - É com você Marco.
Eu  perguntei quem era e o motorista respondeu:
-  É o Alan Kardec, agora estou na  linha 038.
Fiquei feliz de reencontrá-lo e  poder lembrar das vezes que ele me auxiliou nessa aventura que nós deficientes visuais, enfrentamos para chegarmos aonde desejamos.

Marco Antonio Soares Moreira
Reabilitação Instituto Hélio Góes-Sociedade de Assistência aos Cegos.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

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